domingo, 15 de janeiro de 2012

Final de Amor e Revolução e história de Marcela e Marina.

Foi ao ar o último capítulo da novela Amor e Revolução, no dia 13 de janeiro deste ano. Retratou-se inúmeros assuntos considerados polêmicos, como a Ditadura Militar, as guerrilhas comunistas, a luta pela Democracia, o Catolicismo e o conflito entre o voto de castidade e a formação de uma família tradicional, o romance entre homossexuais e até mesmo o preconceito racial. A novela, apesar de se mostrar contra qualquer tipo de censura, acabou recebendo censura por parte de alguém superior na emissora, no caso, o SBT. 
Além de terem sido cortados os depoimentos ao final da novela - o que eu acredito que tenha feito diminuir o interesse de alguns em assisti-la -, também houve corte em cenas de tortura e até mesmo de beijos entre as personagens Marcela e Marina, interpretadas por Luciana Vendramini e Giselle Tigre, respectivamente. Apesar de o SBT ter sido ousado e justo ao mostrar o primeiro beijo entre duas pessoas do mesmo sexo em uma telenovela brasileira, acovardou-se depois por pressão de "conservadores" e desagradou o público GLBT. 


Em seu twitter pessoal, o autor Tiago Santiago havia prometido que, caso a maioria do público escolhesse um final feliz à Marcela e Marina, seria exibido mais um beijo entre as duas, dessa vez, sem censura. Porém, infelizmente, não foi o que ocorreu, apesar de a cena ter sido gravada


Sabe-se, porém, que a culpa não fora realmente do autor, que escreveu a cena, nem de qualquer parte do elenco ou produção da novela, já que a cena fora gravada, mas sim da própria emissora, que, apesar de respeitar a vontade da imensa maioria - cerca de 82% -, contraditoriamente a desrespeitou ao mesmo tempo, ao "congelar" a cena no momento em que as duas iriam se beijar. 


Apesar das inúmeras campanhas que houveram para que a história do casal fosse exibida sem qualquer tipo de censura, não foi isso o que ocorreu. Isso tudo é consequência de uma sociedade que não respeita as diferenças e que possui medo/receio "sabe-se-lá-de-quê". É incompreensível que um país que enfrenta todos os dias tantos problemas sociais que realmente deveriam nos chocar, ainda não se mostre preparada para assistir a simples demonstrações de afeto, apenas por não seguirem o padrão de costume, além de hipócrita.


Apesar de haver acertos e erros na novela Amor & Revolução, o autor decepcionou e deixou a desejar muito na história de Marcela e Marina. Não pelo que fora censurado, pois, apesar de ter sido errado prometer algo que não poderia ter sido cumprido, pois não dependia unicamente dele, mas por descaracterizar praticamente todos os personagens homossexuais, transformando-os em heterossexuais ou deixando-os completamente sozinhos.


Duarte (Carlos Thiré), que era um personagem forte e no começo da novela possuía dúvidas sobre sua real orientação sexual, ao longo da história descobriu-se, finalmente, homossexual, porém, além de ter sido censurado também, na reta final de Amor & Revolução, pediu Míriam (Thaís Pacholek) em casamento. Já Jeová (Lui Mendes), que era apaixonado por Duarte, simplesmente apaixonou-se por outra pessoa - essa que nunca fora mostrada - e acabou, pelo que se pôde perceber, sozinho, assim como Marta (Dani Moreno), que além de ter ficado sozinha ao final da trama, descobriu que também gostava de homens, tentando, inclusive, conquistar Luís (Élcio Monteze), por quem sentia total desprezo, já que era perdidamente apaixonada por sua amiga Bete (Natália Vidal).


Mas a maior decepção fora, indubitavelmente, a personagem Marcela (Luciana Vendramini), que ao longo da novela se mostrou homossexual, não desistindo um dia sequer de seu amor por sua, até então, amiga, Marina (Giselle Tigre). Porém, por um conflito entre as duas, decidiu envolver-se com Mário (Gustavo Haddad), por quem também sentia total desprezo, por ter sido namorado de Marina no passado, desenvolvendo dúvidas quanto a sua sexualidade e, ainda, mostrando-se completamente fria e confusa, contrariando o que era anteriormente, sofrendo mutação irrefutável de sua personalidade. Além disso, ainda ficou claro o preconceito entre as relações hétero e homossexuais, pois na cena de amor entre Marcela e Marina, houve apenas trocas de olhares, em um ambiente muitíssimo escuro. 


A cena, apesar de ter sido bonita e ter expressado carinho e cumplicidade, não possuiu um beijo sequer, diferentemente da cena de sexo de Marcela e Mário - não digo "amor" pois os protagonistas do ato não estavam apaixonados, mas podem chamar como quiserem -, que fora extremamente erótica e, inclusive, um tanto quanto apelativa, e longa. 


Quanto tempo ainda teremos que esperar para que haja realmente respeito aos casais homoafetivos na ficção e, principalmente, na realidade? Até quando teremos que assistir a cenas extremamente eróticas e apelativas entre heterossexuais, mas haver uma censura irredutível até mesmo em cenas de beijos simples entre homossexuais? Quando será que poderemos assistir a uma história bonita, sem esteriótipos, e totalmente livre de censura, entre homoafetivos na televisão brasileira? Creio que ainda serão anos de batalha contra essa ditadura religiosa, conservadora, que quer obrigar a todos a serem como querem que sejam, desrespeitando a vontade do próprio indivíduo, essa que nem mesmo depende dele próprio. Ditadura essa completamente inconstitucional.

Apesar dos pesares, a novela Amor e Revolução ficará marcada, não só na história da teledramaturgia brasileira, mas na vida de muitos, principalmente àqueles que assistiram meses a fio à trama, torcendo e lutando pelo casal Marcela e Marina.

Agradecemos imensuravelmente às atrizes Giselle Tigre e Luciana Vendramini, que deram brilho e se dedicaram como ninguém na composição das personagens Marina e Marcela, respectivamente, além dos atores que também interpretaram brilhantemente personagens homossexuais e torceram para que não houvesse censura, como a atriz Dani Moreno e os atores Carlos Thiré e Lui Mendes, além de, é claro, todos vocês, que contribuíram com a campanha #MarcelaeMarinaSemCensura e nos acompanharam até o fim da trama.

Chega ao final a história de Marcela e Marina, mas a luta contra a discriminação, não apenas por orientação sexual, mas como por qualquer outra característica inerente ao ser humano, está apenas começando. E ainda teremos muita batalha pela frente.






2 comentários:

Ricky Oz on 16 de janeiro de 2012 às 07:06 disse...

Realmente, essa novela vai ficar na história, mesmo com as cenas censuradas e toda a polêmica em torno das personagens. É como um divisor de águas na tv brasileira. Talvez, daqui pra frente façam mais coisas assim, mas o mais importante é mudar esse pensamento conservador que tantas pessoas tem, não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
Um dia não existirá mais preconceito...

Anônimo disse...

eu acredito muito que esta novela mesmo com tanta polemica causada entre o amor entre duas mulheres,veio a ajudar a acabar nao digo,pq as diferencas sempre iram esistir,mais veio a diminuir ou ao aceitaçao de cada ser humofobico,porque as pessoas tem o direito de ser diferentes, p q nao somos iguais, temos direitos de escolhas,eu achei q o sbt pegou pesado quanto a sensura, durante o dia onde crianças asistem asistimos senas de sexo praticamente,se as crianças tem aceso a essas cenas, nao vi nada demais ter saidfo um belo de um beijo lesbico no cap. final a onde passou tarde onde as crianças dormem foi entao censurado. mais de qualquer forma eu amei os personagens marcela e marina q na realidade almentou a audiençia no final da trama. onde as pessoas votavam dando suas opinioes.isso foi otimo venceu a maioria. vamos acabar com tanto preconceito ok.

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