por Cilla Noronha
Recife, capital de Pernambuco, é uma cidade que faz parte das mais visitadas do Brasil; de rica cultura, culinária diversificada e, principalmente, de muitos talentos, como a atriz Giselle Tigre, que dá vida à Marina, personagem da novela Amor e Revolução, que fez história na teledramaturgia ao protagonizar o primeiro beijo gay de uma telenovela no Brasil. Formada em Jornalismo, Giselle também é cantora e modelo, e teve sua primeira experiência em uma telenovela aos 27 anos, em Malhação, da Rede Globo, em 2000. Hoje, em Amor e Revolução, ela vive uma personagem cheia de nuances, e que marcou a vida da atriz, que se sente muito satisfeita com o seu trabalho na novela. Confira a entrevista completa:
Brasil Sem Preconceito: Você interpretou a professora Linda em “Malhação”, entre 2000 e 2003, e agora, em 2011, dá vida à jornalista Marina, na novela “Amor e Revolução”. O que você aprendeu com cada personagem?
Giselle Tigre: Malhação foi a minha primeira experiência em novela. Eu tinha 27 anos quando fiz este trabalho, mas já trabalhava desde os 14 anos fazendo teatro e sendo modelo fotográfico. Sempre tive muita intimidade com a câmera. Mas a tv tem uma linguagem própria. Observava meus colegas e assistia as cenas no ar pra ver como tinha ficado. Aos poucos eu fui ficando mais segura. Nas primeiras cenas, tropeçava nos tapetes do cenário. Muito tempo depois veio Amor e Revolução, estava bem enferrujada e tive um pouco de medo. O diretor Reinaldo Boury dava tapinhas na minha testa que franzia quando eu falava. Comecei meio insegura, mas depois peguei o tom. A Marina exigiu muito esforço mental e emocional, terminei o trabalho exausta, mas muito entusiasmada. Amei este personagem. Amei dar vida a esta mulher tão cheia de nuances e surpresas.
Giselle Tigre: Malhação foi a minha primeira experiência em novela. Eu tinha 27 anos quando fiz este trabalho, mas já trabalhava desde os 14 anos fazendo teatro e sendo modelo fotográfico. Sempre tive muita intimidade com a câmera. Mas a tv tem uma linguagem própria. Observava meus colegas e assistia as cenas no ar pra ver como tinha ficado. Aos poucos eu fui ficando mais segura. Nas primeiras cenas, tropeçava nos tapetes do cenário. Muito tempo depois veio Amor e Revolução, estava bem enferrujada e tive um pouco de medo. O diretor Reinaldo Boury dava tapinhas na minha testa que franzia quando eu falava. Comecei meio insegura, mas depois peguei o tom. A Marina exigiu muito esforço mental e emocional, terminei o trabalho exausta, mas muito entusiasmada. Amei este personagem. Amei dar vida a esta mulher tão cheia de nuances e surpresas.
BSP: A Marina possui diversas nuances e se mostra muito confusa desde o início da novela, demorando muito a perceber que o Thiago (Mário Cardoso) não era quem ela imaginava e, mais ainda, a ceder às inúmeras tentativas de conquista da Marcela (Luciana Vendramini). Você acha que ela deveria ter agido de maneira diferente?
Giselle Tigre: "Tinha que evoluir para algo além". |
BSP: Na história da teledramaturgia houve inúmeras chances de se mostrar o amor homossexual da mesma maneira que um romance heterossexual, como acontece na realidade, com beijos, carícias e cenas de amor. Você acredita que se o primeiro beijo gay tivesse ocorrido há 10 anos atrás, hoje seria comum se ver esses relacionamentos da maneira como são em nossas novelas, ou precisamos de mais tempo para que a sociedade brasileira compreenda que beijo gay não é tabu, e sim, realidade?
GT: Sem dúvida, demorou muito para só agora aparecer uma relação homoafetiva de verdade em novelas. Não acho que dá pra abordar o tema do mesmo jeito que é mostrado com as relações heterossexuais. Tem que ser mais sutil mesmo. Tem que prevalecer o bom gosto. É super normal haver rejeição. É algo novo para a maioria do público televisivo. Acho muito exagerado, porém, matar personagens de uma novela só porque são homossexuais e também não dá só pra ficar mostrando o esteriótipo gay. Nem muito menos mostrar bitoquinhas entre casais do mesmo sexo. Tinha que evoluir pra algo além e o Tiago Santiago fez isso.
Giselle Tigre: "A gente começa mudando a gente pra depois mudar o mundo". |
GT: Sim, fiz amigos para sempre neste trabalho e a Luciana é uma delas que levarei no coração. Tivemos muita sorte de nos afinarmos tão bem. A Joana Limaverde (a Stela) é outra querida que frequenta minha casa e nossas filhas que têm a mesma idade são amigas.
BSP: Em 2010, houve mais de 200 mortes por homofobia no Brasil, e pesquisas mostram que esse número vem sendo crescente. Você é a favor de se criminalizar a homofobia, assim como se fez com o racismo, hoje um crime inafiançável e imprescritível pelo nosso Código Penal?
GT: Sou super a favor, claro!
BSP: Apenas em 2004 tivemos uma atriz negra (Taís Araújo) como protagonista de uma telenovela, e somente em 2011 pudemos presenciar uma cena de paixão verdadeira entre homoafetivos. Na sua opinião, por que um país que é tão diversificado se mostra, ao mesmo tempo, tão preconceituoso? E o que você acredita que se precisa mudar para termos um Brasil sem preconceito?
GT: Acho que é botando a “boca no trombone”, literalmente, que se rompem barreiras. Com ousadia e coragem. A arte é um ótimo veículo para isso. Esta semana comprei a edição de outubro da revista Trip com um casal gay se beijando na capa. Minha filha olhou e disse: “olha mãe, dois homens se beijando!” E eu disse, naturalmente: “é, minha filha, eles se gostam e formam um casal”. Quando cidadania for algo realmente consciente, a sociedade brasileira estará no caminho do amadurecimento.
Bate-bola:
Você se considera mais atriz, jornalista ou cantora? Essa é a pergunta que não quer calar (risos). Quando posso fazer as duas coisas juntas, cantar e atuar, estou num céu de diamantes. Considero-me uma atriz que canta. A música pra mim é tudo e não sei viver sem. Viver de música é um sonho que quero um dia realizar. Nunca pude me dedicar só a esta arte. Formei-me em jornalismo, mas nunca exerci esta profissão de fato. Mas gosto muito de escrever e ano que vem publico meu primeiro livro infantil.
Um medo: Da violência, da intolerância , da ignorância. Essas coisas todas são causadoras de muito sofrimento no mundo.
Um sonho ainda não realizado: Tocar um instrumento.
Um sonho que se realizou: Montar o espetáculo infantil Agora é Tempo.
Um lugar que gostaria de conhecer: O Brasil! De cabo a rabo, de preferência com meu espetáculo infantil.
Uma pessoa que gostaria de conhecer: Dalai Lama.
Uma bebida: Água de coco.
Uma mania: De arrumação.
Recife, São Paulo ou Rio de Janeiro? Os três!
Você é mais racional ou passional? Hoje, aos 39 anos, sou mais racional.
Um ator e uma atriz: Tony Ramos e Glória Pires
Um filme marcante: O Fabuloso Destino de Amelie Polin.
Marina por Giselle: Uma mulher justa, romântica, contraditória e apaixonada.
Giselle por Giselle: Sou um ser zen por natureza que treina diariamente ser bom e fazer o bem. Às vezes eu consigo.
Um recado para os fãs que acompanham o site.
Quero agradecer imensamente pelo carinho e elogios a este trabalho. A maior recompensa é saber que muitas pessoas se identificaram com o drama da novela. Sem dúvida, Amor e Revolução foi um marco na minha vida. Conheci pessoas ótimas e me trouxe o contato com o público novamente. Desejo a felicidade de todos, dias melhores virão para o Brasil e o mundo. Vamos trabalhar para isso. A mudança começa com um pequeno gesto, de dentro para fora. A gente começa mudando a gente pra depois mudar o mundo.
Gostaríamos de agradecer imensamente à Giselle por nos conceder a honra desta entrevista, e pelo respeito e carinho conosco, fãs do casal Marcela e Marina, da novela Amor e Revolução.
E para quem ainda não conferiu o trabalho de Giselle como cantora, acesse http://www.myspace.com/giselletigre
Beijocas e voltem sempre!