segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

    Uma história de amizade - Desmistificando preconceitos

    Fiz essa pequena história baseada em ideias contra a homofobia, o preconceito racial, e qualquer tipo de discriminação por características inerentes aos seres humanos, ou seja, imutáveis. Espero que gostem!



    Aos que estão aguardando a fanfic, agradeço de coração por tudo, e prometi que entregaria neste final de semana (ou seja, ontem), porém, como expliquei para algumas pessoas no twitter, que compreenderam, havia escrito mais algumas páginas para que pudesse entregar o quanto antes, porém, o meu computador deu um problema (que eu não sei do que foi) e travou tudo, me obrigando a desligá-lo no próprio botão (sem o salvar > desligar > etc.), e quando abri novamente o arquivo, quase tudo que eu havia escrito havia sumido. Ou seja, teremos que aguardar mais um pouco para que eu "reescreva" (apesar de que não ficará igual). Espero que tenham paciência e compreendam. Bisous à tous.

    sábado, 21 de janeiro de 2012

    Continuação dos compactos de Marcela e Marina

    Parte 16



    Parte 17



    Parte 18





    Parte 19




    Parte 20




    Parte 21




    Parte 22




    Parte 23




    Parte 24




    Parte 25




    Parte 26




    Parte 27




    Parte 28 (Final) + Retrospectiva




    Espero que tenham curtido os compactos, agora será mais fácil de reverem os capítulos quando quiserem! Beijo grande a todos e obrigada por acompanharem a sequência das cenas de Marcela e Marina no nosso canal! Voltem sempre! :)

    domingo, 15 de janeiro de 2012

    Final de Amor e Revolução e história de Marcela e Marina.

    Foi ao ar o último capítulo da novela Amor e Revolução, no dia 13 de janeiro deste ano. Retratou-se inúmeros assuntos considerados polêmicos, como a Ditadura Militar, as guerrilhas comunistas, a luta pela Democracia, o Catolicismo e o conflito entre o voto de castidade e a formação de uma família tradicional, o romance entre homossexuais e até mesmo o preconceito racial. A novela, apesar de se mostrar contra qualquer tipo de censura, acabou recebendo censura por parte de alguém superior na emissora, no caso, o SBT. 
    Além de terem sido cortados os depoimentos ao final da novela - o que eu acredito que tenha feito diminuir o interesse de alguns em assisti-la -, também houve corte em cenas de tortura e até mesmo de beijos entre as personagens Marcela e Marina, interpretadas por Luciana Vendramini e Giselle Tigre, respectivamente. Apesar de o SBT ter sido ousado e justo ao mostrar o primeiro beijo entre duas pessoas do mesmo sexo em uma telenovela brasileira, acovardou-se depois por pressão de "conservadores" e desagradou o público GLBT. 


    Em seu twitter pessoal, o autor Tiago Santiago havia prometido que, caso a maioria do público escolhesse um final feliz à Marcela e Marina, seria exibido mais um beijo entre as duas, dessa vez, sem censura. Porém, infelizmente, não foi o que ocorreu, apesar de a cena ter sido gravada


    Sabe-se, porém, que a culpa não fora realmente do autor, que escreveu a cena, nem de qualquer parte do elenco ou produção da novela, já que a cena fora gravada, mas sim da própria emissora, que, apesar de respeitar a vontade da imensa maioria - cerca de 82% -, contraditoriamente a desrespeitou ao mesmo tempo, ao "congelar" a cena no momento em que as duas iriam se beijar. 


    Apesar das inúmeras campanhas que houveram para que a história do casal fosse exibida sem qualquer tipo de censura, não foi isso o que ocorreu. Isso tudo é consequência de uma sociedade que não respeita as diferenças e que possui medo/receio "sabe-se-lá-de-quê". É incompreensível que um país que enfrenta todos os dias tantos problemas sociais que realmente deveriam nos chocar, ainda não se mostre preparada para assistir a simples demonstrações de afeto, apenas por não seguirem o padrão de costume, além de hipócrita.


    Apesar de haver acertos e erros na novela Amor & Revolução, o autor decepcionou e deixou a desejar muito na história de Marcela e Marina. Não pelo que fora censurado, pois, apesar de ter sido errado prometer algo que não poderia ter sido cumprido, pois não dependia unicamente dele, mas por descaracterizar praticamente todos os personagens homossexuais, transformando-os em heterossexuais ou deixando-os completamente sozinhos.


    Duarte (Carlos Thiré), que era um personagem forte e no começo da novela possuía dúvidas sobre sua real orientação sexual, ao longo da história descobriu-se, finalmente, homossexual, porém, além de ter sido censurado também, na reta final de Amor & Revolução, pediu Míriam (Thaís Pacholek) em casamento. Já Jeová (Lui Mendes), que era apaixonado por Duarte, simplesmente apaixonou-se por outra pessoa - essa que nunca fora mostrada - e acabou, pelo que se pôde perceber, sozinho, assim como Marta (Dani Moreno), que além de ter ficado sozinha ao final da trama, descobriu que também gostava de homens, tentando, inclusive, conquistar Luís (Élcio Monteze), por quem sentia total desprezo, já que era perdidamente apaixonada por sua amiga Bete (Natália Vidal).


    Mas a maior decepção fora, indubitavelmente, a personagem Marcela (Luciana Vendramini), que ao longo da novela se mostrou homossexual, não desistindo um dia sequer de seu amor por sua, até então, amiga, Marina (Giselle Tigre). Porém, por um conflito entre as duas, decidiu envolver-se com Mário (Gustavo Haddad), por quem também sentia total desprezo, por ter sido namorado de Marina no passado, desenvolvendo dúvidas quanto a sua sexualidade e, ainda, mostrando-se completamente fria e confusa, contrariando o que era anteriormente, sofrendo mutação irrefutável de sua personalidade. Além disso, ainda ficou claro o preconceito entre as relações hétero e homossexuais, pois na cena de amor entre Marcela e Marina, houve apenas trocas de olhares, em um ambiente muitíssimo escuro. 


    A cena, apesar de ter sido bonita e ter expressado carinho e cumplicidade, não possuiu um beijo sequer, diferentemente da cena de sexo de Marcela e Mário - não digo "amor" pois os protagonistas do ato não estavam apaixonados, mas podem chamar como quiserem -, que fora extremamente erótica e, inclusive, um tanto quanto apelativa, e longa. 


    Quanto tempo ainda teremos que esperar para que haja realmente respeito aos casais homoafetivos na ficção e, principalmente, na realidade? Até quando teremos que assistir a cenas extremamente eróticas e apelativas entre heterossexuais, mas haver uma censura irredutível até mesmo em cenas de beijos simples entre homossexuais? Quando será que poderemos assistir a uma história bonita, sem esteriótipos, e totalmente livre de censura, entre homoafetivos na televisão brasileira? Creio que ainda serão anos de batalha contra essa ditadura religiosa, conservadora, que quer obrigar a todos a serem como querem que sejam, desrespeitando a vontade do próprio indivíduo, essa que nem mesmo depende dele próprio. Ditadura essa completamente inconstitucional.

    Apesar dos pesares, a novela Amor e Revolução ficará marcada, não só na história da teledramaturgia brasileira, mas na vida de muitos, principalmente àqueles que assistiram meses a fio à trama, torcendo e lutando pelo casal Marcela e Marina.

    Agradecemos imensuravelmente às atrizes Giselle Tigre e Luciana Vendramini, que deram brilho e se dedicaram como ninguém na composição das personagens Marina e Marcela, respectivamente, além dos atores que também interpretaram brilhantemente personagens homossexuais e torceram para que não houvesse censura, como a atriz Dani Moreno e os atores Carlos Thiré e Lui Mendes, além de, é claro, todos vocês, que contribuíram com a campanha #MarcelaeMarinaSemCensura e nos acompanharam até o fim da trama.

    Chega ao final a história de Marcela e Marina, mas a luta contra a discriminação, não apenas por orientação sexual, mas como por qualquer outra característica inerente ao ser humano, está apenas começando. E ainda teremos muita batalha pela frente.






    sábado, 14 de janeiro de 2012

    Fan Fic - Marcela e Marina (Amor e Revolução) - PARTE 8

    • Para quem não leu as outras partes: Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Parte 6 Parte 7

    Ainda no jornal, à noite...

    Marcela entra na sala de Marina para que as duas possam ir juntas à casa de Marina, e Marcela percebe Marina com um semblante extremamente preocupado, com aspecto de quem estaria chorando por horas.

    - Marina, agora você não pode dizer que não aconteceu nada! Eu tô vendo nos seus olhos que há algo de errado! – Diz Marcela.

    - Para de me pressionar, Marcela, mas que coisa! – Diz Marina, com leve irritação.

    - Mas o que é isso, Marina? Isso é jeito de falar comigo? – Diz Marcela.

    - É que você fica o tempo todo perguntando a mesma coisa... Eu já disse que não há problema algum... Poxa, confia em mim! – Diz Marina.

    - Desculpa, Marina... Eu só quero te ver bem e feliz, só isso... E percebi que você não está bem, ainda mais agora falando desse jeito comigo... Mas se você não quer me contar, eu tenho que respeitar, não é mesmo? – Diz Marcela, visivelmente magoada.

    - Espera aí, Marcela... Vem cá, me desculpa... Eu não queria ser grossa com você. – Diz Marina.

    - Pois é... Mas foi. Parece até a Marina de antes, que me tratava mal... – Diz Marcela.

    - Claro que não, meu amor, me perdoa... Vamos embora... Vou preparar uma comidinha pra gente, que tal? – Diz Marina, tentando sorrir e acalmar Marcela.

    - É mesmo? Hum... Tudo bem. Vamos. – Diz Marcela, mais calma, sorrindo para Marina.

    As duas arrumam os seus pertences e seguem em direção ao carro de Marcela.

    ******

    Dois dias depois...

    No jornal...

    Thiago segue em direção à sala de Marina, para lhe comunicar que deve sair do jornal, como fora combinado há algumas semanas.

    - Marina, precisamos conversar. – Diz Thiago.

    - Eu sei... Imaginei que você viria hoje falar comigo... Você vai sair do jornal, não é? – Diz Marina.

    - É, Marina, chegou a hora... Preciso acabar de resolver tudo pra sair do país com a Laura, a minha companheira. – Diz Thiago.

    - Tudo bem, Thiago. Sentiremos sua falta. Me avise quando for embora para que eu possa me despedir de você. – Diz Marina, aparentemente distraída.

    - Claro, Marina, pode deixar, eu avisarei. Me desculpe me intrometer assim na sua vida, mas que cara é essa? – Diz Thiago.

    - Até você, Thiago? – Diz Marina.

    - Não fique irritada, Marina... Mas é que você vai casar com “aquela pessoa”, não deveria estar feliz? – Diz Thiago.

    - Por que não falar simplesmente “Marcela”? E sim, estou muito feliz em poder dividir o resto da minha vida com a pessoa que eu amo. – Diz Marina.

    - Então o que lhe atormenta? – Diz Thiago.

    - Ah... São esses olhares tortos de algumas pessoas, sabe? Aqui no jornal mesmo... Eu sei que muitos aqui só não falam nada na minha frente por eu ser a patroa, mas sei bem que falam de nós duas pelas costas... – Diz Marina.

    - Mas por que você se importa com isso? Alguém aqui, além dos seus reais amigos, fazem algo por você? – Diz Thiago.

    - Eu sei, Thiago, que eu não deveria ficar assim... Mas tudo bem, não quero mais falar sobre isso, me desculpe. – Diz Marina.

    - Tudo bem, Marina... Então já vou indo... Vou apenas pegar as minhas coisas e me despedir de todos na redação e irei para casa. – Diz Thiago.

    - Está bem, Thiago. Boa sorte! – Diz Marina.

    Thiago segue em direção à sala em que trabalha e se despede de todos.

    ******

    Algumas semanas depois...

    Na casa de Marina...

    - Falta um mês para o nosso casamento, meu amor! – Indaga Marcela, feliz.

    - É verdade, meu amor... Aliás, já mandei convite a todos... – Diz Marina.

    - Pois é... Eu queria falar sobre isso com você... Minha mãe recebeu o nosso convite e me telefonou ontem à noite. – Diz Marcela, aparentemente preocupada.

    - Ai, meu Deus! Esqueci de lhe avisar que havia enviado os convites para a sua família... Não era a minha intenção lhe chatear, meu amor. – Diz Marina.

    - Calma, amor, ela teria que saber algum dia... Aliás, eu imagino que ela já sabia disso há algum tempo... – Diz Marcela.

    - Por que você diz isso? – Diz Marina.

    - Porque eu contei ao meu irmão e ele provavelmente deve ter contado a ela... – Diz Marcela.

    - Mas por que você contou ao seu irmão? – Diz Marina.

    - Ah, queria dividir minha felicidade com ele... Na verdade, ele já sabe da minha orientação sexual há muito tempo... Quando eu era muito menina, com uns 14 ou 15 anos, eu tinha uma amiguinha... Sabe, coisa de jovem, que dorme na casa da colega, a mãe vai deixar e buscar... As duas brincam de boneca, depois crescem mais um pouco e falam de namoros, enfim... – Diz Marcela, rindo.

    - Já até imagino... – Diz Marina, sorrindo.

    - Pois é... Um dia essa minha amiga, a Suzana, veio dormir lá em casa, ficamos até tarde brincando, batendo papo e... – Diz Marcela.

    - E o quê? – Diz Marina, curiosa.

    - Bem, ela disse que nunca havia beijado um garoto. Eu sempre olhei para as meninas de uma forma diferente, mas como naquela idade não tinha muita malícia, pela criação que recebi, pois meus pais pegavam muito no meu pé, nunca tive certeza do que eu gostava realmente, ao menos naquela época. Enfim, eu disse a ela que o melhor jeito de treinar antes de beijar um garoto realmente, era beijando uma amiga, pois éramos mulheres mesmo e não havia problema, assim não passaria vergonha com algum possível pretendente... E aí nos beijamos e meu irmão entrou bem na hora... – Disse Marcela.

    - Caramba! Que danada você, hein? Desde menina, já querendo seduzir as garotas... Mas e aí, o que ele fez? – Diz Marina, rindo da história de Marcela.

    - Bem, ele quis fazer um escândalo, contar para os meus pais... Disse que sempre ouviu que não era certo meninas beijarem meninas, ou meninos com meninos... Aquela história preconceituosa que todo mundo escuta um dia. Eu implorei a ele pra não falar e ele acabou não contando, pois era muito apegado a mim... Depois disso, nunca mais tocamos no assunto, e muito menos eu... Queria que ele esquecesse, mas o tempo foi passando e eu nunca arrumei um namorado de verdade, nunca me casei ou tive filhos... Acho que ele foi juntando as coisas e acabou me perguntando há uns anos atrás, e eu revelei que estava apaixonada por você.  – Diz Marcela.

    - Nossa, que história, hein?! Realmente, seria inevitável você contar a ele... Lembro que ele era apaixonado por mim quando éramos bem novinhas, antes de eu mudar de cidade... Mas a vida fez com que nos reencontrássemos de novo e você acabasse trabalhando pra mim, quem diria... De qualquer forma, ele tendo contado ou não, sua mãe já sabe... Agora temos que enfrentá-la, aliás, teremos que enfrentar os quatro: seus pais e meus pais. Nem sei qual será a reação dos meus pais quando receberem o convite, isso se já não receberam e estão me ignorando... – Diz Marina, um pouco nervosa.

    - Calma, meu amor. Vai dar tudo certo. Confia em mim, nós seremos muito felizes! – Diz Marcela.

    - Essa é a única certeza que eu tenho, meu amor. A única. – Diz Marina.

    *******

    Alguns dias depois...

    No jornal...

    Elizabeth, a mãe de Marina, chega até a redação do jornal e procura por sua filha. Elizabeth passa por Marcela mas não a reconhece, pois só a viu quando Marcela ainda era uma criança, e segue em direção à sala de Marina, depois de Ivone mostrar a ela o caminho.

    - Mãe! – Diz Marina, assustada ao ver a mãe.

    - Vim aqui pra saber que história é essa de você se casar! E com uma mulher, Marina, você perdeu a noção das coisas? – Diz Elizabeth.

    - Mãe, eu sei que isso é um choque pra você e para o meu pai, aliás, onde ele está? – Diz Marina.

    - Ele ficou no hotel... Ele não consegue nem olhar pra você! Estamos todos muito decepcionados, Marina! Depois que você foi traída pelo Rogério resolveu virar essa... essa aberração, foi? – Diz Elizabeth, visivelmente transtornada.

    - Eu não admito que você me trate desta maneira! Há coisas que não podemos explicar... Há certos sentimentos que ficam guardados, esperando a oportunidade de serem manifestados, talvez por medo, receio de opiniões preconceituosas como a sua, não tenham sido expostos antes... Mas quando eu reencontrei a Marcela... – Diz Marina.

    - Então o nome dessa mulher que te transformou nisso é Marcela? – Diz Elizabeth.

    - Marcela é o nome da mulher da minha vida... Nós vamos nos casar! E eu não admito que a senhora fale assim dela! – Diz Marina, quase perdendo o controle.

    - Você não tem vergonha na cara? E o desgosto que está dando para nós que já estamos velhos? Nós sempre tivemos orgulho de você, de conseguir progredir praticamente sozinha, depois que aquele cafajeste sumiu da sua vida, lhe trocou por outra, e agora você nos decepciona como nunca imaginamos que faria. Eu preferia ver você morta a me dar esse desgosto, Marina! – Diz Elizabeth, deixando Marina descontrolada, em prantos.

    - Eu é que tenho vergonha de ter uma mãe preconceituosa como você! – Diz Marina, chorando.

    - Você se perdeu mesmo, Marina! – Diz Elizabeth, quase gritando.

    - Fale baixo pois você está no meu local de trabalho, as pessoas poderão escutar! – Diz Marina, extremamente nervosa.

    - Agora você tem vergonha? Quando resolveu esfregar na nossa cara essa sua imoralidade, não teve vergonha alguma! – Diz Elizabeth, sendo interrompida por Marcela, que apesar de estar na sala no momento em que Elizabeth chegara perguntando por Marina, não percebeu a sua presença por estar ocupada com o seu trabalho.

    - Marina... É, desculpa te interromper, não sabia que estava com visita. – Diz Marcela, preocupando-se ao notar que Marina estava com os olhos vermelhos de tanto chorar.

    - E você, quem é? – Diz Elizabeth, nervosa.

    - Eu sou a Marcela, advogada do jornal, muito prazer. – Diz Marcela.

    - Então é essa a destruidora de lares? – Diz Elizabeth.

    - Mãe, respeite a minha noiva! – Diz Marina.

    - Ah, você é a mãe da Marina... Eu não havia lhe reconhecido. – Diz Marcela.

    - Mas não teria como reconhecer, eu não conheço pessoas de baixo nível como você. – Diz Elizabeth.

    - A senhora me respeite! Não estou fazendo nada à senhora, e disse isso pois a senhora já passou tardes cuidando de mim e da Marina quando éramos crianças... Eu morava com meus pais e meu irmão em frente à casa de vocês, tinha até um cachorro chamado Tico, um vira-lata. – Diz Marcela.

    - Então você é a Marcelinha, que fugia pela janela da casa dos seus pais pra ir lá pra casa brincar com a Marina? – Diz Elizabeth, com um tom mais brando, recordando momentos do passado.

    - Deve ser... Não lembro muito bem... – Diz Marcela.

    - Pois veja no que você se tornou... E ainda fez a minha filha virar “isso” também... Não consigo nem pronunciar esse nome. – Diz Elizabeth, mudando completamente de seu tom suave a um tom agressivo, ofensivo.

    - Eu não fiz a cabeça de ninguém. A Marina se apaixonou por mim, assim como eu me apaixonei por ela, e estamos muito felizes! – Diz Marcela.

    - Vocês são duas aberrações mesmo! – Diz Elizabeth, furiosa, enquanto Marina chora, angustiada.

    - Não sou aberração nenhuma! E muito menos a sua filha! Que amor de mãe é esse, que não quer ver a felicidade da própria filha? – Diz Marcela.

    - Eu vou embora! Já falei o que tinha que falar! – Diz Elizabeth, deixando Marina mais angustiada ainda, e Marcela constrangida, sem saber ao certo o que fazer.

    - Ah, e sabe do que mais? Olha o que eu faço com o convite de vocês! – Diz Elizabeth, segurando o convite do casamento de Marcela e Marina e o rasgando, em frente a elas.

    Elizabeth sai da sala e segue em direção ao hotel em que se hospedou com o pai de Marina. Marcela olha para Marina, que está com as mãos tremendo e os olhos marejados, e a abraça forte, tentando confortá-la. Por sorte, ninguém ouviu ao certo o que havia acontecido na sala de Marina. Após alguns minutos, Marcela retorna ao seu local de trabalho. Marina recebe uma ligação da mesma pessoa que ligara há semanas atrás.

    - Olha, eu já disse pra não me ligar! Eu não tenho o menor interesse em ouvir as suas propostas! Não ouse me ligar novamente! – Diz Marina, irritada, à pessoa que está do outro lado da linha telefônica, que lhe fornece o endereço de onde está, para que se encontrem.

    Mário encaminha-se à sala de Marina para discutir sobre a capa do jornal do dia seguinte, esquece-se de bater na porta e acaba escutando o final da conversa que Marina tivera ao telefone. Marina percebe que Mário havia entrado e diz ao telefone que precisa desligar. Mário pergunta à Marina se está tudo bem, pois ela parecia irritada, e ela afirma que sim, e que era apenas um telefonema de trabalho. Após conversarem sobre as questões de trabalho, Mário se retira da sala de Marina. Marina, por sua vez, aproveitando que Mário havia saído, aproveita para anotar o endereço que lhe haviam dado ao telefone e reflete sobre o que pretende fazer a respeito.

    ******

    Alguns dias depois...

    Na casa de Marina...

    Marcela, ao longo das semanas, percebe um comportamento estranho em Marina, que se mostra irritada e muito distraída.

    - Meu amor, fala pra mim, o que tá acontecendo? – Diz Marcela.

    - Ai, essas perguntas de novo? Achei que havia terminado esse interrogatório todo... – Diz Marina.

    - Não é interrogatório, meu amor... É só preocupação. Mas me diga, tá feliz que o nosso casamento está chegando? – Diz Marcela, sorrindo para Marina.

    - Claro que estou. – Diz Marina, aparentemente seca.

    - Sua empolgação me contagia! – Diz Marcela, sarcasticamente.

    - Para com isso, amor... Vem cá, vamos dormir que é o melhor que podemos fazer... – Diz Marina, que é interrompida pelo telefone.

    Marina segue até a sala para atender ao telefone.

    - Alô, quem fala? – Diz Marina.

    - Sou eu... E aí, não vai me encontrar? Estou lhe esperando... Sei que você deve ter anotado o meu endereço novo, mas lhe dou de novo só pra reforçar... – Diz a voz do outro lado da linha.

    - Tá bom. Tchau. – Diz Marina, disfarçando para que Marcela não percebesse nada.

    Marina retorna ao seu quarto, onde Marcela e Matheus estão.

    - Quem era, meu amor? – Diz Marcela.

    - Era engano. – Diz Marina.

    - Tudo bem, então vamos dormir? – Diz Marcela.

    - Vamos, meu anjo... Vamos dormir. – Diz Marina, que não consegue dormir a noite inteira pensando na proposta que lhe fizeram ao telefone.

    *******

    Uma semana antes do casamento...

    No jornal...

    Marcela chega ao jornal e não encontra Marina, apenas Mário na sala dela.

    - Mário, o que houve? Cadê a Marina? – Diz Marcela, preocupada.

    - Bem... É melhor você se sentar. – Diz Mário.

    - Ai, meu Deus! Fala logo, Mário! Você tá me deixando preocupada! Aconteceu alguma coisa? – Diz Marcela.

    - Marcela, eu vou ser bem direto... A Marina não vem pra cá hoje, e talvez não venha a semana inteira... – Diz Mário.

    - O quê? Ela tem alguma coisa? Ela está doente? O que houve? Seja mais claro, Mário, pelo amor de Deus! – Diz Marcela, aflita.

    - Eu também não sei de muita coisa... Ela me ligou dizendo pra que eu viesse mais cedo hoje pois precisava falar comigo urgentemente, e quando cheguei aqui, ela me disse que era pra eu cuidar do jornal por ela, e que confiava em mim pra isso, pois ela não sabia quando voltaria... – Diz Mário.

    - Mas que história é essa? Pra onde ela foi? E o Matheus? Estamos há uma semana do casamento! Está tudo pronto praticamente, e ela não me disse nada! – Diz Marcela, desesperada.

    - Marcela... Eu acho que a Marina fugiu do compromisso do casamento. Eu sinto muito. – Diz Mário, com pena de Marcela.

    - Ai, eu não merecia isso... Não merecia! Como ela pôde fazer isso comigo? – Diz Marcela, aflita.

    - Eu acho que ela não aguentou a pressão dos pais, os falatórios... Você sabe como a Marina é sensível em relação a isso. – Diz Mário.

    - Mas isso não justifica me fazer de palhaça desse jeito, Mário! E todos os planos que fizemos! E o Matheus, que é praticamente meu filho também! Que eu cuido como se fosse meu! Pra onde ela o levou? – Diz Marcela.

    - Eu não sei bem, mas ela deu a entender que o Matheus está com ela. – Diz Mário.

    - Eu não consigo acreditar em uma coisa dessas... – Diz Marcela.

    - Quer um conselho, Marcela? Vá pra casa descansar... Você não está bem para trabalhar hoje. Não se preocupe, eu tomo conta das coisas por aqui. – Diz Mário.

    - Obrigada, Mário. Estou desolada, não sei nem o que fazer... Tô ficando até um pouco tonta... – Diz Marcela.

    - Me aguarde aqui que eu vou lá embaixo chamar um táxi pra você. – Diz Mário.

    Marcela vai até a sala onde trabalha e Marta chega, encontrando-a desesperada.

    - Meu Deus, Marcela, o que houve? Por que você está assim? – Diz Marta.

    - A Marina, Martinha... A Marina... – Diz Marcela, soluçando de tanto chorar.

    - O que a Marina fez dessa vez pra te deixar assim, Marcela? – Diz Marta, preocupada.

    - Ela fugiu. – Diz Marcela.

    - Fugiu? Mas fugiu como? – Diz Marta.

    - Eu não sei... Cheguei aqui e o Mário me disse que ela pediu a ele que tomasse conta do jornal e que não sabia quando iria retornar... E falta só uma semana para o casamento, Martinha! Uma semana! Tudo pago e pronto, os convites enviados... Até minha mãe que deu um “piti” ao telefone quando recebeu o convite, principalmente depois que a mãe da Marina a procurou para piorar a situação, disse que iria, mesmo a contra gosto... E agora a Marina some! Eu não sei o que fazer, Martinha... Não sei mesmo. – Diz Marcela, desolada.

    - Minha linda, eu nem sei o que te dizer... Mas de uma coisa eu sei, a Marina não te merece... Aliás, nunca te mereceu. Isso é bem típico dela. – Diz Marta.

    - Eu tô acabada, Martinha... O que eu faço agora? – Diz Marcela.

    - Espera... Eu vou falar com o Mário e vou pedir pra te levar em casa... – Diz Marta.

    - Ele saiu pra chamar um motorista... – Diz Marcela.

    - Mas eu vou com você... Converso com ele, recebo desconto no pagamento, trabalho em dobro amanhã, não importa. Não vou deixar você assim, nessa situação. – Diz Marta.

    - Não quero te prejudicar, Martinha. – Diz Marcela.

    - Não se preocupe comigo. Agora temos que ver a sua situação. – Diz Marta, que é interrompida por Mário, que avisa que já conseguiu o táxi.

    Marta explica a Mário que acompanhará Marcela, e Mário aceita, já que não possui outra alternativa. Marta e Marcela seguem em direção à casa de Marcela.

    - Hoje você vai ser bem cuidada por mim! – Diz Marta.

    - Assim eu fico sem jeito, Martinha... – Diz Marcela.

    - Para com isso, sou eu, lembra? Eu! Essa pessoa que tanto te amou... – Diz Marta, acariciando o rosto de Marcela, que tenta sorrir, em meio à sua desilusão.

    - Aliás, a pessoa que ainda te ama... – Diz Marta.

    - Como assim? – Diz Marcela, surpresa.

    - Eu ainda te amo, Marcela... Pra lhe dizer a verdade, o motivo de ter terminado com a garota com quem eu estava tendo aquele namorico, e não querer nada também com a vendedora da loja em que fomos, nem com nenhuma outra pessoa, é porque eu não consegui te esquecer... Eu tento, tento, mas simplesmente não consigo. E eu decidi que só me envolveria com alguém quando a tivesse esquecido completamente. Mas acontece que está sendo a coisa mais difícil que eu já tentei fazer em toda a minha vida... Eu sofri tanto pela Bete, sabe? E depois por você... Mas agora você está aqui, comigo, e eu posso ao menos cuidar um pouco de você... – Diz Marta, apaixonada.

    - Você é incrível, sabia? – Diz Marcela.

    - Pena que não sou o seu amor. – Diz Marta.

    - Quem eu sempre quis, acaba me tratando desse jeito... Você, que sempre foi um amor comigo, me ama de verdade, está aqui, comigo, eu não amo... Por que o amor tem que ser tão complicado, hein? – Diz Marcela.

    - Por mais que seja duro escutar isso, eu também não sei te responder... Tudo o que eu queria era poder estar no seu coração como a Marina está... Mas esse espaço é dela... – Diz Marta.

    - Eu não quero mais nem olhar no rosto da Marina! – Diz Marcela.

    - Você diz isso agora, na hora da raiva... Mas não vai ser fácil esquecê-la. – Diz Marta.

    - E ela ainda levou o Matheus... Ela não tinha o menor direito de fazer isso! Eu cuido dele como se fosse meu próprio filho. Aliás, eu o considero meu filho! Não há diferença entre ela e eu. Nós duas somos mães dele! Isso tudo é tão injusto... – Diz Marcela, sentando-se no sofá de sua casa.

    - É... A vida nem sempre é justa... Mas eu tô aqui com você, viu? Aliás... Mais que isso, se você deixar, eu cuido de você para o resto da vida. Eu te amo. – Diz Marta, aproximando sua boca dos lábios de Marcela, que os olha sem saber o que fazer.

    Marcela está prestes a beijar Marta, mas coloca suas mãos nos lábios de Marta e diz que acha que isso não seria uma boa ideia.

    - Por que não? – Diz Marta.

    - Porque eu não quero te iludir, Martinha... Não quero fazer nenhum mal a quem me quer tão bem. – Diz Marcela.

    - Mas eu sei das consequências... Deixa que eu cuide delas... Valerá a pena, acredite. – Diz Marta aproximando-se novamente sua boca dos lábios de Marcela, que se afasta.

    - Eu não posso, Martinha. Eu sei que eu não deveria me preocupar com a Marina, mas infelizmente eu sou assim... Eu não posso. – Diz Marcela.

    - Tudo bem. – Diz Marta, desolada.

    - Vem cá, vem, me dá um abraço. – Diz Marcela.

    As duas se abraçam carinhosamente, e Marcela deita-se no colo de Marta, enquanto as duas assistem à televisão.

    - Promete ao menos que vai pensar na minha proposta, Marcela? Poderíamos ser tão felizes juntas. – Diz Marta, esperançosa e apaixonada.

    - Está bem... Vou pensar, Martinha... Vou pensar com carinho. – Diz Marcela, triste.

    Algumas horas depois...

    Ainda na casa de Marcela...

    - Tenho que ir, minha linda. Promete que vai ficar bem sem mim? – Diz Marta.

    - Prometo. Pode deixar. – Diz Marcela, tentando sorrir.

    Marta vai embora e Marcela segue em direção ao seu quarto. Ao deitar em sua cama, lembra dos momentos bons que teve ao lado de Marina e chora desesperadamente, segurando o travesseiro, como uma adolescente ao perder seu grande amor, por horas ininterruptas. Um choro de gritar, que machuca a alma e avermelha os olhos.

    *******

    Dois dias depois...

    No jornal...

    Marcela está trabalhando, quando a mãe de Marina chega à redação do jornal perguntando pela filha.

    - A Marina não está aqui... – Diz Marcela, com o olhar triste.

    - Tudo bem. Ela está em casa? – Diz Elizabeth, de forma ríspida.

    - Não sei. Eu não sei onde a sua filha está. – Diz Marcela.

    - Como não sabe? Você não vai se casar com ela? – Diz Elizabeth, com tom de deboche ao pronunciar a palavra “casar”.

    - Não vamos mais nos casar. – Diz Marcela.

    - Como não? O que houve? Não que eu esteja interessada nessa pouca vergonha de vocês... – Diz Elizabeth.

    - Então você deve estar feliz com a notícia. Mas eu não sei o que aconteceu, creio que ela tenha cedido à pressão de vocês e não teve coragem de se unir a mim. Agora, se me dá licença, eu preciso trabalhar. – Diz Marcela, ríspida, aparentemente triste.

    - Tudo bem, não precisa falar dessa forma. – Diz Elizabeth.

    - Me desculpe se pareci grossa, com licença. – Diz Marcela.

    - Espera. – Diz Elizabeth.

    - O que foi? – Diz Marcela.

    - O que está acontecendo, de verdade? – Diz Elizabeth.

    - O que eu acabei de lhe dizer. Eu não sei o que houve com a Marina. Ela simplesmente sumiu com o Matheus, e me deixou nesse estado de angústia, depressão... Enfim, sua filha se preocupa mais com o que os outros pensam do que com o que ela sente, ou ela simplesmente não sente o que eu achava que sentia, ou o que ela me dizia. – Diz Marcela.

    - Tudo bem, não preciso saber mais nada disso. – Diz Elizabeth, seguindo em direção à saída.

    Elizabeth tenta se lembrar de alguma pista que leve até Marina. Após muito pensar, segue em direção a um lugar.

    Algumas horas depois...

    Elizabeth segue em direção ao lugar que havia pensado e, chegando ao local, bate na porta. Marina atende.

    - Mãe? O que faz aqui? – Diz Marina, angustiada.

    - Eu fui até o jornal e depois imaginei que você pudesse estar aqui. Eu precisava tentar. Preciso saber o que está acontecendo com a minha filha. – Diz Elizabeth.

    - Ai, mamãe... Entra, o Rogério não está. – Diz Marina.

    - O que deu na sua cabeça de procurá-lo? – Diz Elizabeth.

    - Sente-se aqui que eu vou lhe explicar tudo o que aconteceu. - Diz Marina.

    Rogério é o ex-marido de Marina, que lhe abandonou para morar com outra mulher. Porém, terminou seu relacionamento e percebeu que ainda sentia algo por Marina. Após procurá-la, soube que ela estava prestes a se unir a uma outra mulher, mas isso não o impediu de lhe propor algo que seria tentador à Marina, já que ela estava completamente angustiada com tanto preconceito que estava sofrendo, por parte até mesmo de seus pais. Rogério se declarou à Marina e disse que eles poderiam formar uma família, que cuidaria de seu filho como se fosse seu, e que os dois retomariam a vida de casados que um dia tiveram e que Rogério havia estragado. Disse-lhe que ela não precisaria sofrer com preconceito, e viveria uma vida “normal”, como qualquer outro casal. Marina, desesperada e confusa, fugiu de suas propostas, mas depois da rejeição de sua própria mãe, resolveu procurar Rogério.

    ******

    Dois dias antes...

    Marina segue com Matheus em direção à casa nova de Rogério, após ter saído do jornal, desesperada, sem saber o que fazer. Rogério a recebe feliz e profere inúmeras promessas. Marina tenta sorrir, mas está angustiada e só o que consegue pensar é em Marcela. Rogério tenta lhe beijar, mas Marina recua.

    - Eu ainda não tô preparada pra isso... – Diz Marina.

    - Como assim? Vai dizer que não sentiu saudades de mim? – Diz Rogério, com presunção.

    - Pra lhe falar a verdade... O que eu senti por algum tempo não foi bem saudade, mas um orgulho ferido... Desculpa, talvez tenha sido um erro vir pra cá. – Diz Marina, confusa.

    - Claro que não... Se você não sentiu minha falta, não tem problema... Eu vou recuperar todo o amor que você sentiu um dia por mim. – Diz Rogério.

    - Vou deitar um pouco, tudo bem? – Diz Marina.

    - Não vai me dar nem um beijo? – Diz Rogério.

    - Eu preciso de um tempo pra me acostumar com tudo isso, tudo bem? Você pode me dar esse tempo? – Diz Marina.

    - Tudo bem. – Diz Rogério, chateado.

    Marina segue em direção ao quarto de hóspedes e se deita com Matheus. Marina tenta dormir, porém, não consegue de maneira alguma e se lembra de Marcela, de seu cheiro; de sua voz e de todos os momentos maravilhosos que passou ao lado dela. Depois de muito refletir, percebe que nunca havia amado nem Rogério e nem qualquer outro homem, verdadeiramente, pois o que sente por Marcela é algo muito superior a tudo o que já sentiu em toda a sua vida, podendo ser definido como amor de verdade. Marina chora baixo enquanto acaricia a cabeça de Matheus. E nesse estado de nostalgia e angústia, segue seus outros dias na casa de Rogério.

    *******

    - E foi isso... Mas o problema é que eu não consigo parar de pensar nela, mãe. Eu sei que você acha que isso é errado, mas o que seria o certo, então? Abdicar da nossa felicidade e viver uma vida de tristeza, apenas para não sofrer os olhares preconceituosos da sociedade e, inclusive, dos meus próprios pais? Que certo é esse? Eu não consigo compreender. Não sei o que fazer. Só sei que não aguento mais ficar aqui... Sinto tanta saudade dela... – Diz Marina, com os olhos marejados, desolada.

    - Minha filha... Você sabe o quanto eu fui contra tudo isso, e ainda sou... Eu também não suporto o Rogério. Ele sempre será o cafajeste que lhe trocou por outra e, mesmo assim, até algum tempo, era provável que eu dissesse que você deveria ficar com ele... Viver essa vida tradicional... Mas eu passei no jornal e vi os olhos da Marcela. Vi o quanto ela está sofrendo com isso, e que realmente te ama muito. Eu acho que você... Nem acredito que direi isso... Mas acho que você deve reconsiderar a sua decisão. Seria um inferno em minha cabeça ver você morando com outra mulher e criando o meu neto dessa forma... Mas eu não iria conseguir ficar com esse arrependimento pela vida toda de não ter feito nada em prol da sua felicidade... Me perdoe pela forma com que agi... Eu não entendo essas coisas, não estou acostumada... Mas pela sua felicidade, eu vou ter que me acostumar. – Diz Elizabeth, chorando junto com Marina, que a abraça forte.

    Após alguns minutos a mais de conversa, Elizabeth vai embora, deixando Marina refletindo sobre o seu futuro, que só consegue pensar em Marcela e chorar.

    *******

    No dia seguinte...

    Na casa de Rogério...

    - Oi, meu amor, acordou cedo... – Diz Rogério.

    - Rogério, você realmente me ama? – Diz Marina.

    - É claro, meu amor! Você ainda duvida? – Diz Rogério.

    - Tudo bem... Me dá um beijo? – Diz Marina.

    - Mas é claro! Isso é tudo o que eu queria, meu amor... Que bom que você se decidiu! – Diz Rogério, aproximando-se de Marina para beijá-la.

    Rogério beija Marina, que tenta sentir algo com o beijo de Rogério, porém, para o seu desagrado, não consegue, e o empurra.

    - Não dá! Realmente, não dá! – Diz Marina.

    - O que não dá, meu amor? – Diz Rogério.

    - Não dá pra ficar com alguém que eu não gosto... Não sinto nada beijando você, me desculpe... Mas nem se compara ao beijo do meu amor. – Diz Marina, feliz por ter finalmente decidido o que deve fazer.

    - Você vai preferir ir atrás de uma mulher a ficar comigo? – Diz Rogério.

    - Não é uma mulher qualquer, é o amor da minha vida. – Diz Marina.

    - Então vai lá, sua fanchona! – Diz Rogério, revoltado, por ter sido trocado por outra mulher, assim como fizera no passado com Marina.

    - Você acha que me ofende com isso? Pode me chamar do que quiser, eu vou defender a minha felicidade, o meu amor! Você sabe o significado da palavra “amor”? Quando souber, vai entender. Tchau, viu?! – Diz Marina, rindo, em direção à saída, com Matheus.

    - Vai lá então! – Diz Rogério, enfurecido, chutando tudo o que vê pela frente.

    *******

    Enquanto isso, no jornal...

    Marta entra na sala em que trabalha com Marcela com um buquê de flores. Marcela está sozinha, pois ainda é cedo, e fica encantada, apesar de ainda estar triste e aparentemente sem dormir, com os olhos inchados.

    - Isso é pra você, meu amor! – Diz Marta.

    - Menina... Só você... – Diz Marcela.

    - Não gostou? – Diz Marta.

    - Claro que eu gostei. Aliás, eu amei! – Diz Marcela.

    - Quero que você aceite isso como uma pequena prova do quanto eu me preocupo com você... – Diz Marta.

    - Você é linda, sabia? – Diz Marcela, fazendo Marta sorrir.

    ******

    Uma hora depois...

    Marina chega ao jornal com Matheus no colo. Marta está conversando com Marcela.

    - O que você diz da minha proposta, Marcela? Você pensou? – Diz Marta.

    - Sim, meu anjo... Eu pensei bem... Mas... – Diz Marcela.

    - “Mas”? Mas nunca é coisa boa... – Diz Marta.

    - Me perdoe, Martinha... Mas eu ainda amo muito a Marina. Ela não merece, eu sei... Apesar de compreendê-la, eu não poderia fazer isso com ela. – Diz Marcela que, ao terminar a frase, vê Marina entrando em sua sala com Matheus nos braços, emocionada, com os olhos marejados.

    - O que você não pode fazer comigo? – Diz Marina, confusa.

    - Marina! – Diz Marcela, surpresa e emocionada, enquanto Marta se entristece.

    - Meu amor! Eu senti tanto a sua falta! – Diz Marina.

    - Pelo amor de Deus, onde você estava? – Diz Marcela.

    - É uma longa história... Vamos até a minha sala? – Diz Marina.

    - Tudo bem. – Diz Marcela, acariciando Matheus, olhando rapidamente para Marta, entristecida.

    Na sala de Marina...

    - Oi Mário, quero lhe agradecer por tudo o que você fez por mim! – Diz Marina.

    - Que isso, Marina... Foi minha obrigação. Mas agora que você voltou, vou desocupar a sua sala e voltar à minha. – Diz Mário, retirando-se da sala, deixando Marcela e Marina a sós para conversarem.

    - Marcela, promete que não vai me deixar depois do que eu lhe contar... Eu não suportaria te perder. – Diz Marina, preocupada.

    - Depois de tudo o que você fez, não é, Marina? As piores coisas do mundo passaram pela minha cabeça... – Diz Marcela.

    ******

    Marina conta tudo o que aconteceu à Marcela.

    - E foi aí que eu percebi que não há como fugir desse sentimento... Eu te amo, e terei que enfrentar tudo, porque nada é mais doloroso do que não te ter ao meu lado. – Diz Marina, emocionada.

    - E você acha que eu irei agora lhe beijar e dizer que está tudo bem? Onde você estava com a cabeça, Marina? Você sabe como eu fiquei? Eu passei noites sem dormir, só chorando, pensando em como você pôde fazer isso... Pensei em ir embora daqui... Não sabia o que fazer. Você não tem o direito de brincar com os meus sentimentos desse jeito! – Diz Marcela, indignada, com os olhos marejados.

    - Eu sei, meu amor, você tem toda a razão de ficar desse jeito comigo... Mas eu te amo. Nós ainda vamos nos casar. Está tudo marcado. Seremos felizes! Vem cá, me dá um abraço. – Diz Marina, tentando confortá-la.

    - Pensasse nisso quando foi embora! Você é realmente surreal, Marina! Surreal! Não me procure mais! – Diz Marcela.

    - Mas Marcela... – Diz Marina, desolada.

    - Vou levar o Matheus até a sua casa, porque você tem muito trabalho acumulado... Precisa saber de tudo o que ocorreu e como proceder no fechamento de hoje. Com licença. – Diz Marcela, saindo da sala de Marina, extremamente magoada, deixando Marina sem reação.

    *******

    No dia seguinte...

    Ainda muito cedo, antes de ir ao jornal, Marcela escuta alguém bater em sua porta e, ao abri-la, surpreende-se com sua mãe.

    - Minha filha! – Diz Josefa, mãe de Marcela.

    - Mãe! – Diz Marcela, surpresa, abraçando-a.

    - Precisamos conversar! – Diz Josefa.

    As duas sentam-se na mesa para tomar café.

    - O que você está fazendo aqui, mãe? – Diz Marcela.

    - Olha, Marcela, eu quero saber o que você quer da sua vida! – Diz Josefa.

    - Como assim, mamãe? – Diz Marcela.

    - Você perturba a minha vida, me deixa de cabeça em pé com essa história de estar apaixonada pela Marina e que vai se casar... Depois de eu passar por um processo longo de conseguir aceitar essa história, você decide que não vai mais se casar e a Marina me liga às 3h da manhã chorando, pedindo pra que eu conserve com você. Você quer me enlouquecer? – Diz Josefa.

    - Desculpa, mãe, a Marina não deveria ter feito isso. – Diz Marcela.

    - Claro que deveria! Minha filha, veja bem... Eu conversei com a Elizabeth, mãe da Marina... Eu sei muito bem como ela é, convivia com ela quando vocês eram crianças, quando morávamos na mesma rua, e ela sempre foi extremamente conservadora. Imagine tudo o que a Marina deve ter passado nas mãos dessa mulher... Eu sei que eu não sou fácil, mas a Elizabeth me supera no quesito extremismo... Ela já quis até que a filha fosse freira! Vivia dizendo isso pra mim, que era melhor a Marina ir para um convento quando crescesse... Imagine a criação que ela teve e tudo o que ela teve que ultrapassar, até aceitar que te ama. Imagine a confusão na cabeça dela, com tantos reprovando, inclusive eu, no início, a mãe dela então... Minha filha, não a estou defendendo, não me entenda mal, sei que ela errou, mas você vai estragar sua felicidade por um momento de confusão da Marina? Ela está ali, chorando por você, e, sinceramente, você também não está nada bem. Está com os olhos inchados como quem chorou a noite inteira, e umas olheiras que precisam urgentemente de um dermatologista. Vai continuar vivendo assim? – Diz Josefa.

    As duas têm uma longa conversa e, após terminarem a conversa e o café, Josefa leva Marcela até o jornal. Ao passarem por uma loja onde vendia chocolates, Marcela pede para a mãe parar o carro para que ela possa comprar os chocolates favoritos de Marina. Após comprá-los, segue em direção ao jornal.

    Alguns minutos depois...

    Marcela agradece sua mãe por tudo o que fizera e entra no prédio do jornal. Em seguida, entra na sala de Marina, surpreendendo-a com os chocolates.

    - Meu amor! – Diz Marina.

    - Ainda quer se casar comigo? – Diz Marcela, dando os chocolates que comprara à Marina.

    - Claro que eu quero, meu amor! É tudo o que eu mais quero nessa vida! – Diz Marina, felicíssima.

    Marina agradece pelos chocolates e lembra que são seus favoritos, e Marcela diz que essa foi a razão pela qual os comprou. Marcela abre um chocolate e morde metade, fazendo com que Marina morda a outra metade, e as duas se beijam apaixonadamente.

    Acabei postando adiantado essa parte, pois tive um tempo a mais para continuar. Espero que estejam gostando. Em breve, continuação da fanfic! A novela terminou, porém, como a maioria dos votos escolheu a continuação da fanfic, mesmo após o término da novela, ela continuará ainda por um tempo! Bisous!

    quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

    Fan Fic - Marcela e Marina (Amor e Revolução) - PARTE 7

    • Para quem não leu as outras partes: Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Parte 6

    Alguns dias depois...

    No jornal...

    Marcela aproxima-se de Marta.

    - Martinha, preciso de sua ajuda... – Diz Marcela.

    - Claro, se estiver ao meu alcance... – Diz Marta.

    - É que eu preciso ver o vestido de casamento, mas a Marina não quer ver comigo pois acha que trará má sorte ver o vestido antes do casamento... – Diz Marcela, sorrindo.

    - Ah... É isso? Claro, Marcela, pode deixar. Quando você gostaria de ir? – Diz Marta.

    - Ah, se possível, hoje... Pois a loja fica aberta até mais tarde nas sextas por causa do final de semana, e é justamente o dia em que saímos mais cedo, então seria melhor... Além do mais, estou te devendo um jantar, poderíamos ir a um restaurante depois... Que tal? – Diz Marcela.

    - Claro! Então quando acabar o expediente, vamos juntas, tudo bem? – Diz Marta.

    - Perfeito! – Diz Marcela, retornando ao seu trabalho.

    Algumas horas mais tarde...

    - Meu anjo, vamos? – Diz Marcela à Marta.

    - Claro, já estou pronta. – Diz Marta.

    - Eu também. Só vou ali na sala da Marina rapidamente e vamos, tudo bem? – Diz Marcela.

    - Sem problemas, estarei aqui lhe esperando. – Diz Marta, sem jeito.

    Marcela encaminha-se até a sala de Marina.

    - Oi, meu amor... – Diz Marcela.

    - Oi... Já vai pra casa? – Diz Marina.

    - Não, vou ver o vestido, lembra? – Diz Marcela.

    - Ah, tá... Verdade... Desculpa, é que eu tô com a cabeça meio cheia, houve muito trabalho hoje por aqui... – Diz Marina.

    - Tem certeza que é só isso mesmo? – Diz Marcela.

    - Tenho sim, meu amor. – Diz Marina.

    - E o meu beijo, cadê? – Diz Marcela.

    - Vem cá, vem... – Diz Marina.

    As duas se beijam, e Marcela se despede de Marina, seguindo em direção à sua sala. Marcela e Marta seguem em direção ao carro de Marcela, e as duas seguem em direção à loja de vestidos de noiva.

    No loja...

    As duas entram na loja e a vendedora as atende.

    - Qual é a noiva de vocês duas? – Pergunta a vendedora.

    - Sou eu. – Diz Marcela, sorridente.

    - Eu sou apenas uma amiga, vim acompanhá-la. – Diz Marta.

    - Ah, é sempre bom ter uma amiga para ajudar, fez muito bem em trazê-la. – Diz a vendedora à Marcela, olhando fixamente para Marta.

    - É impressão minha ou essa vendedora está dando em cima de você? – Diz Marcela, cochichando com Marta e sorrindo.

    - Deixa de bobagem, ela só quis ser gentil. – Diz Marta, sorrindo, constrangida.

    - Sei... – Diz Marcela, fazendo Marta sorrir ainda mais.

    A vendedora traz alguns modelos de vestidos para Marcela experimentar, e Marcela analisa um por um.

    - Ai, eu acho que vou provar esses 7! – Diz Marcela, rindo.

    - Mas que indecisa! Precisa provar tudo isso pra escolher? – Diz Marta, sorrindo.

    - Eu entendo a sua amiga... Casamento é realmente muito especial, e precisamos ter certeza do vestido de noiva que queremos, para que fique tudo o mais próximo do perfeito possível... Eu, quando me casar, experimentarei todos os vestidos que encontrar para ver qual terá o melhor caimento... E você, não pretende ser assim quando se casar? – Diz a vendedora, olhando para Marta.

    - Não... Eu acho que só de ter aquela pessoa especial ao meu lado, será o bastante. – Diz Marta, enquanto Marcela observa a cena, sorridente.

    - Nossa, sua amiga é romântica, dona... Como é mesmo o seu nome? – Diz a vendedora à Marcela.

    - Marcela. – Diz Marcela, sorrindo da situação.

    - Pois é, Marcela... Que amiga romântica que você tem. Linda e romântica, que raridade encontrar alguém assim. – Diz a vendedora, deixando Marta envergonhada e divertindo Marcela, que tenta apoiar a amiga para que faça algo a respeito.

    - Vamos lá no provador, Marcela, eu te ajudo a colocar os vestidos... – Diz Marta, tentando acabar com o flerte da vendedora.

    - Calma, Martinha... Ainda temos tempo. – Diz Marcela, encorajando-a.

    - Mas vamos jantar, esqueceu? – Diz Marta.

    - Ah, é mesmo... Tudo bem... Mas me diga, qual é o seu nome? – Diz Marcela à vendedora.

    - Bianca... Mas podem me chamar de Bia. Vejo que sua amiga não gostou muito do que eu disse, me desculpe se estiver sendo inconveniente... Podem me chamar quando quiserem. – Diz a vendedora.

    - Pode deixar, Bia. – Diz Marcela, seguindo com Marta em direção ao provador.

    - Martinha, o que deu em você? Está na cara que essa moça está interessada em você... E é bonita, viu?! Por que não aproveita? – Diz Marcela.

    - Porque não. Me deixa, Marcela, poxa... Não quero e tenho meus motivos. – Diz Marta.

    - Ai, não! Já sei! Que cabeça a minha... Você está saindo com aquela garota que me disse... E eu forçando você a sair com essa outra... Perdão, Martinha... Que cabeça a minha! Tá na cara que você está gostando dessa outra menina e eu lhe perturbando a vida, me desculpe, de coração... Vou provar os vestidos e parar de me intrometer na sua vida. – Diz Marcela.

    - É bom mesmo... – Diz Marta, sorrindo.

    - Vou começar com este... – Diz Marcela.

    - Tudo bem, eu vou esperar lá fora e você me chama... – Diz Marta.

    - Como assim? Esses vestidos são dificílimos de colocar. Você não vai me ajudar? – Diz Marcela.

    - É claro... Tudo bem, eu lhe ajudo. – Diz Marta, sem jeito.

    Marcela retira sua blusa e sua saia e, com a ajuda de Marta, coloca o primeiro vestido, e assim segue experimentando um por um. Após chegar no sexto vestido, Marta olha para Marcela emocionada.

    - E este, que tal? – Diz Marcela.

    - Marcelinha, é esse! Não precisa nem experimentar o outro, tem que ser esse! – Diz Marta.

    - Você gostou tanto assim? – Diz Marcela.

    - Eu amei! Ele é a sua cara, ficou maravilhoso em você... Nossa... – Diz Marta, lagrimando.

    - Meu Deus! O que houve, Martinha, por que está chorando? – Diz Marcela.

    - Eu tô emocionada, só isso... Você tá linda, já imaginei você entrando no altar... – Diz Marta.

    - Oh, minha querida... Tão linda, você... Vem cá, me dá um abraço... Minha madrinha é tão emotiva... – Diz Marcela.

    - Madrinha? – Diz Marta, desprendendo-se dos braços de Marcela e a olhando carinhosamente, enquanto enxuga suas lágrimas.

    - É claro... Quem mais poderia ser a madrinha do meu casamento? Só você, Martinha. Você que sempre me deu forças, ninguém merece esse título mais que você! – Diz Marcela.

    - Ah, você não vai parar de me fazer chorar nunca, não é? – Diz Marta, enquanto Marcela sorri.

    Marcela pede à Marta que guarde o seu vestido em sua casa, e ela não hesita em ajudá-la. Marcela paga o vestido e a vendedora Bianca acena timidamente para Marta, enquanto Marcela sorri. Marcela e Marcela seguem em direção ao restaurante escolhido por Marta.

    *******

    Alguns minutos depois...

    No restaurante...

    O garçom as recebe e sugere uma mesa que está desocupada, e as duas acompanham o garçom e, após olharem o cardápio com calma, realizam os seus pedidos.

    - Martinha... Eu lembro bem desse restaurante, foi um dos primeiros em que viemos, não foi? Aliás... Acho que foi o restaurante em que comemoramos o nosso primeiro aniversário de namoro. – Diz Marcela.

    - Pois é... Achei que nunca mais viríamos aqui, mas aqui estamos. – Diz Marta.

    - Poxa, mas por que pensou isso? Você sabe que eu não conseguiria viver sem você... Você é muito importante pra mim, mocinha. – Diz Marcela, sorrindo.

    -  Você também é muito importante pra mim. – Diz Marta, retribuindo o sorriso de Marcela.

    - E foi por isso que escolhi você pra ser madrinha do meu casamento. – Diz Marcela, deixando Marta sem sem jeito.

    - Mas me diga... Como estão as coisas com a Marina? Como ela está reagindo a tudo isso? – Diz Marta.

    - Pra te falar a verdade, eu ando meio preocupada com ela... Depois da história que aconteceu no restaurante, aquela que eu te contei outro dia em que eu a beijei na frente de várias pessoas, ela ficou com um aspecto um pouco preocupado... Eu tenho medo de que ela desista no meio do caminho, com medo da reprovação dos outros. – Diz Marcela, preocupada.

    - Calma... Acho muito improvável isso acontecer. A Marina já fez o mais importante que foi se declarar na frente de todos no jornal, os outros que ela nem conhece serão o de menos... – Diz Marta.

    - Assim espero, Martinha, assim espero. – Diz Marcela, enquanto o Garçom chega com os pedidos e as serve.

    - Mas me conte de você, como anda o namoro com aquela garota que você conheceu? – Diz Marcela, entusiasmada.

    - Na verdade, nós terminamos. – Diz Marta.

    - Nossa, mas por quê? Achei que você não queria nada com a vendedora por causa dessa menina... – Diz Marcela.

    - Não... Não tem nada a ver, é que eu quero ficar sozinha mesmo. Dar um tempo de namoro, pensar mais em mim, sabe? Acho que as minhas tentativas frustradas de relacionamento amoroso estavam querendo me mostrar que ainda não é a hora pra isso... Talvez eu tenha que viver mais para poder me dedicar a alguém e, principalmente, encontrar a pessoa que mereça essa dedicação, de preferência que ela não goste de ninguém... – Diz Marta, olhando sem jeito à Marcela.

    - De qualquer forma, eu quero ver você feliz... Se ainda não é o momento, eu te apoio. Apoio você no que for! Só te peço uma coisa... – Diz Marcela.

    - Fala... – Diz Marta, olhando carinhosamente para Marcela.

    - Que você me convide para ser madrinha do seu casamento! Não aceito “não” como resposta! – Diz Marcela, fazendo Marta sorrir.

    - Sua boba... É claro. Você não tem ideia do quanto é especial na minha vida. – Diz Marta.

    - Você também, minha amiga. Você também. – Diz Marcela.

    *******

    No dia seguinte...

    No jornal... 

    Marcela está na sala de Marina conversando sobre assuntos profissionais, quando Marcela percebe um semblante preocupado em Marina.

    - Marina... Você está tão estranha, diferente... Não sei bem o que é, aliás, eu acho que sei... – Diz Marcela.

    - Ah, meu amor, não pense bobagens, eu estou bem. – Diz Marina.

    - Foi a cena que aconteceu no dia do restaurante, não foi? – Diz Marcela.

    - Como assim? – Diz Marina.

    - Desde aquele dia você anda pensativa... Você está com medo da opinião dos outros sobre nós, do que enfrentará ainda de preconceito por ser casada com uma outra mulher, não é? – Diz Marcela.

    - É difícil, Marcela, pra te falar a verdade... Mas eu vou superar isso tudo, o importante é ter você ao meu lado, como eu sempre digo. Não fique preocupada com isso, logo eu me acostumarei e não me importarei mais. – Diz Marina, com um sorriso forçado.

    - Você não tá pensando em desistir de tudo, né, Marina? – Diz Marcela.

    - Claro que não, meu amor! Tire isso da sua cabeça. Jamais faria isso! Eu te amo, vem cá! – Diz Marina, enquanto Marcela se aproxima.

    As duas se beijam e Marina abraça Marcela carinhosamente, confortando-a, e, ainda abraçadas, Marina diz à Marcela que nunca a deixará. Após alguns minutos, Marcela sai da sala de Marina.

    ********

    Alguns dias depois...

    Na casa de Marcela, à noite...

    Marina chega até a casa de Marcela levando Matheus no colo. Marcela abre a porta e se surpreende com os dois.

    - Ai, que lindos da minha vida! Meus maiores amores me visitando! – Diz Marcela.

    - Mas é claro... O Matheus sentiu saudades da segunda mamãe dele... – Diz Marina, sorrindo.

    Os dois entram na casa de Marcela. Marina pede para Marcela segurar Matheus enquanto ela troca de roupa, e as duas se beijam rapidamente. Marina liga a televisão e assiste a um desenho animado com Matheus no colo, enquanto Marcela prepara a mamadeira. Os três assistem à televisão, felizes.

    *******

    No dia seguinte...

    Marina está se arrumando para ir à sua casa.

    - Meu amor, espera mais um pouco e eu te levo... – Diz Marcela.

    - Já chamei um motorista, meu amor, e também tenho que chegar mais cedo em casa para depois ir ao jornal, pois a babá do Matheus já deve estar para chegar... – Diz Marina.

    - Ah, é mesmo... Tudo bem, meu amor... – Diz Marcela, enquanto beija Marina, despedindo-se, e depois beija a cabecinha de Matheus.

    Após sair da casa de Marcela, Marina segue em direção ao elevador e, ao descer a escada próxima à saída do prédio, uma senhora passa por ela conversando com outra senhora.

    - Você viu aquela loirinha do apartamento de cima recebendo sempre a mesma amiga? Acho isso tão estranho... – Diz a primeira senhora.

    - Você não sabe? – Diz a segunda senhora, enquanto Marina presta atenção na conversa, por desconfiar que se tratava de Marcela.

    - Sei do quê? – Indaga a primeira senhora, curiosa.

    - Aquela loirinha é "sapata"... Tem um caso com uma mulher, e me disseram que é até patroa dela... – Diz a segunda senhora, satisfazendo a curiosidade da primeira.

    - Nossa! Que pouca vergonha! Onde vamos parar, não é, Cláudia? Acho que isso é coisa do “lá de baixo”... Cruz credo! – Diz a primeira senhora.

    - Se é, eu não sei, mas coisa boa é que não é... Deus me livre... Isso é falta de homem, só pode... – Diz a segunda senhora.

    - É mesmo... Acho que esse tipo de gente não deveria conviver com pessoas de bem... Esse é um prédio de família. Se quer fazer suas “sem-vergonhices”, que faça em outro lugar... – Diz a primeira senhora, enquanto Marina passa pelas duas em direção à saída para esperar o motorista, com os olhos marejados.

    O motorista chega e leva Marina à sua casa, que está em prantos. Ao chegar em casa, encontra a babá de Matheus, que a esperava na portaria de seu prédio. Posteriormente, segue ao jornal, já mais calma.

    Ao chegar no jornal, Marina encontra Marcela, que havia acabado de chegar também, e a abraça forte. Marcela não compreende bem o visível desespero de Marina e pergunta se aconteceu algo, e Marina prefere omitir para não deixar Marcela chateada, afinal, a principal ofendida teria sido ela.

    Algumas hora depois...

    Marcela entra na sala de Marina para saber se está tudo bem. Marina afirma que não há com o que se preocupar. Marcela sai da sala e, logo em seguida, Marina recebe um telefonema, esse que lhe deixa completamente surpresa e abalada.

    Em breve, continuação da fanfic. Beijos e voltem sempre! E não se esqueçam de votar ali ao lado sobre o destino da fanfic. :)

    domingo, 1 de janeiro de 2012

    Fan Fic - Marcela e Marina (Amor e Revolução) - PARTE 6

    • Para quem não leu as outras partes: Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5

    No dia seguinte...

    Na casa de Marina...

    Marcela e Marina estão deitadas na cama, assistindo à televisão. Marina levanta-se para dar de mamar a Matheus.

    - Ele tá crescendo rápido, né? – Diz Marcela.

    - Nem me fale... Queria que ele ficasse assim pra sempre! – Diz Marina.

    - É... Mas bem que você vai gostar de ter mais tempo pra dormir, né? – Diz Marcela, sorrindo.

    - Por um lado... Porque daqui a pouco cresce, vira um rapaz, começa a namorar e aí é que eu não vou conseguir dormir mesmo. – Diz Marina, sorrindo.

    - Ai... Só você... Mas agora você terá a mim, pra sempre lhe ajudar em tudo, afinal, ele é um pouco meu filho também, não é? – Diz Marcela.

    - É sim... E eu sou muito feliz por ter você na minha vida. – Diz Marina, sorrindo, emocionada.

    Marcela aproxima-se de Marina e a beija apaixonadamente, e dá um beijo na testa de Matheus.

    - Sabe... Não vejo a hora de casar de uma vez com você, meu amor... De morarmos juntas... Aliás, por que nós não resolvemos logo isso e você vem logo pra cá? – Diz Marina.

    - Eu também não vejo a hora de isso acontecer, mas eu quero fazer tudo certinho, como deve ser. Só venho pra cá depois da nossa festa. – Diz Marcela.

    - Tudo bem... Como você quiser. Vou agora colocar o Matheus no berço e já volto. – Diz Marina.

    - Vou lhe esperar aqui, amor. – Diz Marcela, enquanto volta a assistir à televisão para esperar Marina.

    Marina coloca Matheus no berço e começa a cantar para ele. Marcela preocupa-se com a demora de Marina e segue até o quarto de Matheus para ver o que ocorreu. Marcela observa Marina cantarolando para Matheus e permanece em silêncio, na porta, admirando-a. Marina percebe, finalmente, a presença de Marcela.

    - Ah, você estava aí, é? – Diz Marina.

    - É... Estava encantada aqui, admirando você... Tão lindos os dois... Como eu os amo! – Diz Marcela.

    - Nós também te amamos muito! Vem cá... Vamos para o nosso quarto, ele já dormiu. – Diz Marina.

    As duas seguem em direção ao quarto de Marina. Marcela troca de roupa para dormir.

    - Nossa, que linda essa sua camisola, nunca havia visto. É nova? – Diz Marina.

    - É sim... Gostou? É de seda... – Diz Marcela.

    - Hum... Adoro o toque de seda, e com o macio da sua pele, combinou! – Diz Marina.

    - Vejo que alguém está romântica hoje... – Diz Marcela, sorrindo.

    - Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo! Eu só não consigo me conter com tanta felicidade... – Diz Marina.

    As duas aproximam-se, beijam-se e, posteriormente, fazem amor de forma delicada e apaixonada.

    ******

    Alguns dias depois...

    No jornal “O Brasileiro”...

    Marcela está conversando com Marta sobre o jornal, e Marina entra na sala e pede para que Marcela lhe acompanhe. As duas seguem em direção à sala de Marina.

    - Amor, eu estava pensando em irmos jantar em um restaurante hoje... O que você acha? – Diz Marina.

    - Mas e o Matheus, Marina? – Diz Marcela.

    - Ah, eu pedi ao Thiago para que ele ficasse um pouco lá com ele... – Diz Marina.

    - Hum... Ele vai ficar lá na sua casa até você chegar? – Diz Marcela.

    - Qual é o problema? – Diz Marina.

    - Preciso explicar? – Diz Marcela.

    - Você não está com ciúmes, né? – Diz Marina, sorrindo.

    - Não... É... Sim, claro que estou! Ah, esse homem agora não vai sair das nossas vidas... – Diz Marcela.

    - Ele é o pai do meu filho. Só isso. E você, sabe quem é? – Diz Marina, sorrindo.

    - Hum... Quem sou eu? – Diz Marcela, enciumada.

    - O amor da minha vida! – Diz Marina, sorrindo e abraçando Marcela.

    Thiago entra na sala e as vê abraçadas.

    - Desculpem-me, posso entrar em outro momento... – Diz Thiago, constrangido.

    - Pode entrar, Thiago... – Diz Marina.

    - Ainda não consegui me habituar com “isso” de vocês... – Diz Thiago.

    - “Isso” você quer dizer “nosso relacionamento”, não é? – Diz Marcela.

    - Não vão brigar, por favor... – Diz Marina.

    - Ninguém está brigando, Marina... E sim, Marcela, quis dizer isso mesmo. Me desculpe se pareceu deboche, pois não foi a minha intenção. – Diz Thiago, surpreendendo Marcela.

    - Thiago, você está bem? – Diz Marcela, preocupada.

    - Mais ou menos... Levando, né? Mas quando vocês acabarem de conversar, falarei com a Marina... – Diz Thiago.

    - Não se preocupe, Thiago, depois continuo conversando com a Marina... – Diz Marcela.

    Marcela sai da sala. Thiago senta-se.

    - Então, Thiago, o que você gostaria de conversar comigo? – Diz Marina.

    - Bem... Eu nem sei por onde começar... – Diz Thiago, angustiado.

    - O que foi, Thiago? Você está me deixando preocupada... – Diz Marina.

    - Bem, como você sabe, eu comecei a me envolver com alguns membros do movimento comunista... Na realidade, com uma mulher em particular... E nós começamos esse relacionamento, já que você está com a Marcela e a Lúcia está com o Beto... – Diz Thiago.

    - Poxa, que bom, Thiago! Fico feliz por você! Mas por que essa cara? – Diz Marina.

    - Porque ela vem sofrendo constantes ameaças de morte, e está pensando seriamente em sair do país... Eu não sei realmente o que fazer... – Diz Thiago.

    - Mas... Thiago... E o seu filho? Seus amigos? Seu emprego? – Diz Marina.

    - Eu sei... Sei que prometi dar toda a assistência ao meu filho, mas eu preciso viver a minha vida, sabe? Eu realmente acho que estou apaixonado por essa mulher, e ela precisa de mim. O Matheus terá agora mais uma mãe que cuidará muito bem dele... E é só por um período, até passar esse tempo de ameaças, depois eu voltarei com ela e voltarei a ser mais presente na vida do meu filho. – Diz Thiago.

    - Nossa, Thiago... Desculpa, mas é que eu não esperava uma notícia dessas... Você tem certeza que é isso que você deseja fazer? – Diz Marina.

    - É sim... Eu já me decidi. E enviarei a você um dinheiro por mês para o sustento do Matheus. – Diz Thiago.

    - Não se preocupe com isso, Thiago, você sabe que dinheiro para mim não é problema... – Diz Marina.

    - Eu sei, eu sei... Mas é minha obrigação de pai. O mínimo que eu posso fazer. – Diz Thiago.

    - Tudo bem... Vamos todos sentir muito a sua falta... Mas quando você pretende ir? – Diz Marina.

    - Daqui a umas três semanas. É o suficiente pra arrumar toda a documentação que preciso e ajeitar tudo lá em Miami. – Diz Thiago.

    - Nossa... Mas não vai ficar nem para o meu casamento? – Diz Marina, chateada.

    - Infelizmente, não. Mas desejo toda a sorte do mundo pra você. Você sabe o quanto eu desejo a sua felicidade. – Diz Thiago.

    - Tudo bem, Thiago... Então está certo. Desejo também muita sorte a você e mantenha sempre contato. Ah... Você vai continuar aqui nestas últimas semanas, não é? – Diz Marina.

    - Nas duas primeiras, sim. Depois vou estar muito ocupado resolvendo tudo e realmente terei que sair. – Diz Thiago.

    - Tudo bem, como quiser. – Diz Marina.

    - Agora voltarei à minha sala... Obrigada pela compreensão, Marina. – Diz Thiago.

    - Não se preocupe... Acima de tudo, desejo que sempre sejamos amigos, afinal, temos um filho juntos. – Diz Marina.

    - Com certeza. – Diz Thiago, retirando-se da sala de Marina.

    Enquanto isso, na sala em que Marcela e Marta trabalham...

    Marta aproxima-se de Marcela.

    - Quero saber se alguém se lembra de um jantar que prometeu pra mim... – Diz Marta, sorrindo, à Marcela.

    - Ah... Nossa, é verdade! Desculpa, desculpa mesmo! É tanta coisa na minha cabeça ultimamente, enteado, noivado, fora os problemas do jornal, o meu trabalho de advogada... – Diz Marcela, justificando-se.

    - Ei... Eu só tava brincando, não precisa explicar. Eu entendo. Imagino como a sua vida deve estar corrida... Não se preocupe com isso. Foi só pra mexer com você. – Diz Marta.

    - Não... Mas eu faço questão de jantar com você. Combinado é combinado, e você é muito especial na minha vida... Quero saber também tudo o que anda rolando na sua vidinha, viu, mocinha? Não esqueci que você anda namoradeira... – Diz Marcela, rindo.

    - Ai, Marcela... Te amo, viu? Mas calma... Tô aprendendo a te amar como amiga... E tô quase conseguindo, viu? – Diz Marta, deixando Marcela constrangida.

    - Também te amo. – Diz Marcela.

    As duas sorriem e vêem Thiago voltar angustiado da sala de Marina. Marcela diz à Marta que irá à sala de Marina saber o que houve, e assim o faz, encontrando Marina pensativa e preocupada.

    - Oi, Marina... Aconteceu alguma coisa com o Thiago? – Diz Marcela, preocupada.

    - Aconteceu... Na verdade, irá acontecer. – Diz Marina.

    - O que houve? Me diga... Tô ficando preocupada. – Diz Marcela.

    Marina conta à Marcela tudo o que Thiago lhe dissera, deixando-a igualmente preocupada.

    - Nossa... Sabe, eu fico feliz pelo Thiago... Ele anda acabado depois de toda a história de vocês e da Lúcia... Ele merecia encontrar alguém bacana, e não me olha com essa cara porque eu implicava com ele por motivos óbvios, e não porque não gostava dele... – Diz Marcela.

    - Eu sei, eu sei... Eu também tô feliz por ele. Mas eu fico preocupada com o fato de ele ir embora, pode ser arriscado no caminho... E até mesmo esses poucos dias que ele ficará aqui antes de ir... Você sabe como esse pessoal da repressão é... Agem antes e perguntam depois. – Diz Marina.

    - Pois é... Mas já que ele já se envolveu com essa moça, o melhor a fazer mesmo é ir embora por um tempo, até as coisas se acalmarem... Quem sabe logo essa ditadura louca acaba? Temos que ter esperanças, não é? – Diz Marcela.

    - É verdade... – Diz Marina, conformada.

    - E outra coisa... Quanto ao Matheuzinho, você sabe que sempre poderá contar comigo. Eu praticamente moro na sua casa... Amo esse menino como se fosse meu filho. – Diz Marcela.

    - Eu sei, meu amor... Eu sinto isso, e sabe como eu admiro você, não sabe? – Diz Marina.

    - Eu também te amo... Se possível, cada dia mais. – Diz Marcela.

    As duas se entreolham apaixonadas, enquanto Marcela toca carinhosamente as mãos de Marina.

    - Ah, tinha outra coisa pra lhe dizer... – Diz Marcela.

    - O quê? – Diz Marina.

    - Eu passei por uma loja perto de casa que vende vestidos para noivas... Havia um mais lindo que o outro! Nem cheguei a entrar pois estava fechando... Mas queria que você fosse comigo lá dar uma olhada... – Diz Marcela.

    - Mas já? – Diz Marina.

    - Ué... Você quer casar quando? Ano que vem? – Diz Marcela.

    - Talvez... – Diz Marina.

    - O quê? – Diz Marcela, atônita.

    - Calma, calma... Eu só tava brincando... Eu posso ir dar uma olhada, mas tem duas coisas. – Diz Marina.
    - O quê? – Diz Marcela.

    - Primeiro que eu não vou com você... Dá azar olhar o vestido da noiva antes de casar... Quero que nosso casamento seja só felicidade! – Diz Marina.

    - Ai, Marina, não acredito que você acredita nessas coisas... – Diz Marcela.

    - Ah... Acreditar, acreditar, eu não acredito, mas sei lá, né?! Nunca se sabe... Melhor prevenir... – Diz Marina.

    - Ai, meu amor... Só você mesma. Tudo bem, chame algum amigo ou amiga pra ir com você e eu vou sozinha ou com algum amigo... Ah, já sei... Chamarei a Martinha pra ir comigo... Estava combinando com ela de jantarmos, então passamos lá e depois seguimos ao restaurante. – Diz Marcela.

    - Você acha isso uma boa ideia? – Diz Marina, desconfiada.

    - Por que você diz isso? Tá com ciúmes, é? – Diz Marcela, brincando.

    - É... Um pouco... Oras, vocês namoraram, ficavam um tempão juntas... Mas o caso também é que a Martinha não engoliu bem o nosso romance de início... – Diz Marina.

    - Mas é isso mesmo, de início realmente não, mas a Marta é uma menina muito madura, e ela que me encorajou a falar com você... – Diz Marcela.

    - Hum... Não sei, não... – Diz Marina.

    - Confia em mim, tá? Agora eu vou voltar ao trabalho, amor. – Diz Marcela.

    - Eu confio em você... Tudo bem, e eu voltarei ao meu. – Diz Marina.

    - Ah, antes que eu me esqueça... Qual era a outra coisa que você ia me falar sobre a loja? – Pergunta Marcela.

    - Ah, era que eu teria que ver um tempo aqui no jornal... Isso vai me dificultar um pouco de ir lá... Mas depois vemos um jeito. – Diz Marina.

    - Tudo bem, depois conversamos com mais calma hoje, no jantar de mais tarde. – Diz Marcela, saindo da sala de Marina, indo em direção à sua sala.

    ******

    Algumas horas depois...

    Marcela entra na sala de Marina, que está guardando suas coisas para ir ao jantar que as duas haviam combinado mais cedo. O casal segue em direção ao carro de Marcela e, posteriormente, em direção ao restaurante preferido de Marcela, escolhido por Marina para lhe agradar. As duas chegam ao restaurante e escolhem uma mesa.

    - Ai, amor, obrigada por escolher virmos para cá... Você sabe o quanto eu adoro este lugar! – Diz Marcela.

    - Você sabe que eu adoro lhe agradar, meu amor... Além do mais, eu também adoro este restaurante, é muito aconchegante, tem boa música, ótima comida... – Diz Marina.

    - É verdade... Sabe, foi até bom sairmos um pouco mesmo, estávamos há um bom tempinho sem jantarmos fora... E depois das notícias lá no jornal, um bom jantar em excelente companhia foi muito bem-vindo. – Diz Marcela.

    Após conversarem um pouco, Marcela chama o garçom para realizaram os seus pedidos.

    - Eu gostaria deste prato aqui... – Diz Marcela, apontando para a refeição escolhida.

    - E eu vou querer o mesmo, e este vinho. – Diz Marina.

    O garçom segue em direção à cozinha e as duas continuam conversando.

    - Meu amor, estou tão feliz com tudo o que está acontecendo conosco... É tudo tão mágico, parece surreal... – Diz Marcela, enquanto toca levemente as mãos de Marina, acariciando-as.

    - Mas é real! E tudo isso foi graças ao nosso amor que, de tão forte, conseguiu superar as batalhas criadas por eu mesma, o que é pior... – Diz Marina, correspondendo ao gesto de carinho de Marcela.

    - Eu tenho muita sorte de ter uma mulher como você... Linda, meiga, doce, sensível, forte... Com esses olhos azuis mais belos que eu já vi, e esses lábios... – Diz Marcela, tocando os lábios de Marina, provocando-a, enquanto Marina arrepia-se.

    - Marcela... Vai que alguém percebe e reclama, faz alguma coisa, sei lá... Sabe como esse povo é hipócrita, né? – Diz Marina.

    - Não se importe com os outros, e sim conosco. Eu poderia te beijar agora mesmo, aliás, estou morrendo de vontade de fazer isso. – Diz Marcela.

    - Marcela, não me provoca... Do jeito que eu já joguei tudo pro alto mesmo... – Diz Marina, olhando preocupada, mas com desejo, para os lábios de Marcela.

    Marcela olha para Marina seriamente, tentando seduzi-la, enquanto Marina tenta fazê-la parar, por receio de estarem em um local público. Marcela, no entanto, não se importa e aproxima mais ainda os seus lábios dos de Marina, até que os toca suavemente com seus dedos, e em seguida a beija delicadamente. Marina não resiste e se rende ao beijo de Marcela que, apesar de apaixonado, é discreto, por estarem em público, mas não o bastante para não chamar a atenção de alguns casais que se encontravam no restaurante. De repente, uma senhora chama o garçom, enfurecida.

    - Como vocês permitem que uma pouca vergonha dessas aconteça aqui? Este é um ambiente de família! – Diz a senhora, exaltada, falando alto o suficiente para muitos escutarem, inclusive Marina, que desprende suas mãos das de Marcela para prestar atenção no que estava acontecendo, enquanto Marcela ainda está encantada com o beijo que acabara de dar em Marina.

    - Marcela, acho que aquela senhora estava falando da gente... – Diz Marina.

    - Falando o quê? – Diz Marcela, preocupada.

    - Não sei... Alguma reclamação, não deu pra ouvir direito. - Diz Marina.

    De repente, a senhora se levanta e diz que vai embora do restaurante com seu esposo.

    - Mas senhora, acalme-se... – Diz o garçom.

    - Eu também acho um absurdo vocês permitirem esse tipo de comportamento em um ambiente tão restrito quanto este... E quer saber? Concordo com a senhora, também irei embora. – Diz uma outra senhora da outra mesa, enquanto Marcela e Marina observam a cena, atônitas, sem reação.

    - Mas acalmem-se, senhoras, irei falar com elas! – Diz o garçom, tentando acalmar as distintas senhoras.

    - Ih... Ele tá vindo pra cá, ai meu Deus! – Diz Marina, assustada e preocupada.

    - Calma, Marina! Não se rebaixe para essas pessoas, não estávamos fazendo nada de errado, não se preocupe. – Diz Marcela.

    O garçom aproxima-se delas, enquanto um grupo de pessoas se levanta. Alguns as olham com desprezo e asco, já outros não entendem o porquê de todo o alarde.

    - Moças, infelizmente, esse tipo de comportamento não é permitido neste local, peço que tenham modos ou terei que pedir para que vocês se retirem. – Diz o garçom, tentando falar de forma educada.

    - Isso é um absurdo! Vejo a todo momento casais se beijando, abraçando-se, segurando as mãos e demonstrando o seu amor, por que nós não podemos? O que temos de errado? – Diz Marcela, enquanto Marina se mostra constrangida.

    - Olha, não me levem a mal, mas são as regras da casa. Não podemos constranger os nossos clientes. Você me entende, não é? – Diz o garçom.

    - Suas anormais! – Grita uma senhora de uma mesa ao fundo.

    - Olha aqui... Aliás, prestem atenção todos vocês, que nos olham como se fôssemos criminosas, dignas de cadeia, que não podemos demonstrar nosso amor, mesmo de forma discreta, em público, porque alguns são tão infelizes em algum âmbito de sua vidas que se chocam ao verem duas pessoas se amando. Eu e a Marina somos um casal muito feliz, mais feliz do que muitos casamentos por aí de fachada que só existem até hoje para manter as aparências. E minha senhora, o que é normal pra você? Até algum tempo, as mulheres eram pisoteadas, comandadas pelo marido, e todos achavam normal... Porque seguia uma norma, uma conduta comum na sociedade... Até um tempo atrás, um homem vendia o outro e o escravizava, e todos achavam normal... O que é normal, comum, para uma sociedade, nem sempre é sinônimo de “correto”. E nunca será errado amar, porque se esse mundo tivesse mais amor, teria menos ódio e preconceito, e não teríamos que passar por uma situação constrangedora como essa. E garçom, não se preocupe, não precisa nos expulsar... Este era o meu restaurante favorito, mas nunca mais pretendo pôr os pés aqui. Você diz que não quer constranger os clientes, mas somos tão clientes como qualquer um aqui e você tentou nos humilhar. Que pena que não conseguiu porque o que vem do ódio, não nos atinge, pois temos amor o suficiente pra suprir os sentimentos ruins alheios. – Diz Marcela, enquanto Marina a olha, encantada.

    Todos estão em silêncio e, de repente, um rapaz começa a aplaudi-la, e alguns reagem da mesma forma, apesar de a maioria continuar calada.

    - Vamos, Marina. – Diz Marcela.

    - Vamos, amor. – Diz Marina, sorrindo, orgulhosa.

    O garçom olha para as pessoas sem jeito, e todos voltam a se acomodar em suas cadeiras e a comentar o ocorrido. Marcela e Marina retornam ao carro.

    - Eu nem acredito que você teve coragem de enfrentar aquele povo todo... Minha Marcela sempre me enchendo de orgulho! – Diz Marina.

    - Que bom que eu te orgulho... Sabe, Marina, vamos sofrer muitas coisas assim ainda, mas temos sempre que lembrar desse sentimento que carregamos aqui. – Diz Marcela, apontando para o peito.

    - Você tem razão. Tudo valerá a pena enquanto eu tiver você ao meu lado. – Diz Marina, abraçando Marcela.

    Em breve, continuação da fanfic. Lembrando que, ao final da fanfic, quando a mesma for concluída, gerarei um arquivo em PDF da história completa para quem quiser reler, imprimir, ou desejar ter guardada no computador. Beijos e voltem sempre!
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